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quarta-feira, maio 25, 2005

Carmona e Rio

A Câmara de Lisboa consagrou com solenidade e festa popular o novo campeão nacional. A Câmara do Porto até o campeão europeu rejeitou. Haverá dois PSD?
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MANUEL TAVARES
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O Benfica foi ontem recebido na Câmara Municipal de Lisboa com a solenidade que o poder político da cidade, representado por Carmona Rodrigues, achou por bem usar e os meios de comunicação não deixaram de sublinhar como pudemos constatar pelos directos televisivos da TVI, SIC Notícia e SportTV. .

Até à hora de encerrarmos esta edição, não houve qualquer notícia de um único comentário condenatório pelo facto Câmara comungar da felicidade desportiva de um dos clubes da cidade que acaba de se sagrar campeão nacional. Que diferença entre a festa de consagração que o poder político de Lisboa proporcionou aos adeptos do Benfica e a obcessiva repulsa que o poder político do Porto tem manifestado para com os adeptos do FC do Porto.
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A dimensão política, popular e mediática da consagração do novo campeão nacional pela Câmara de Lisboa torna ainda mais abstrusa a esquizofrénica relação que se instalou entre o poder autárquico do Porto e o FC do Porto e cujo ridículo culminou com a ausência do campeão europeu da varanda dos Paços do Concelho.
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Essa diferença é tanto mais curiosa quanto Lisboa e Porto têm presidente de Câmara do PSD. E para os paladinos da seriedade não vai ser fácil encontrar maior dose dessa virtude política em Rui Rio do que em Carmona Rodrigues, que foi quem ontem deu a cara. Como não estamos em presença de dois pesos ou duas medidas de ética, ficam para os arqueólogos da coisa pública prospectar a possibilidade de existirem dois PSD.
Falta também anotar o ridículo de alguns comentadores encartados dos nossos usos e costumes, que, percebendo a parodia e a parolice, não deixaram de cantar hossanas a Rui Rio. Nos espaços televisivos, radiofónicos e impressos onde esses guias de opinião ganham a vidinha, não raro o presidente da Câmara do Porto foi apontado como redentor das virtudes do serviço à nação e grande refundador da separação completa entre a política e o futebol.
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A progressiva degenerescência de que deveria ser uma natural cumplicidade em prol da excelência do Porto e a consequente designação do FC Porto como "eixo do mal" acabou por dar uma visibilidade mediática a Rui Rio, que ele jamais alcançaria pela obra feita na cidade. Foi este truque que Carmona Rodrigues desnudou ontem em Lisboa, com a solenidade política q.b. e sobretudo a alegria e o colorido do povo em festa. --> In "O Jogo"

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