A Câmara de Lisboa consagrou com solenidade e festa popular o novo campeão nacional. A Câmara do Porto até o campeão europeu rejeitou. Haverá dois PSD?
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MANUEL TAVARES
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O Benfica foi ontem recebido na Câmara Municipal de Lisboa com a solenidade que o poder polĂtico da cidade, representado por Carmona Rodrigues, achou por bem usar e os meios de comunicação nĂŁo deixaram de sublinhar como pudemos constatar pelos directos televisivos da TVI, SIC NotĂcia e SportTV. .
AtĂ© Ă hora de encerrarmos esta edição, nĂŁo houve qualquer notĂcia de um Ăşnico comentário condenatĂłrio pelo facto Câmara comungar da felicidade desportiva de um dos clubes da cidade que acaba de se sagrar campeĂŁo nacional. Que diferença entre a festa de consagração que o poder polĂtico de Lisboa proporcionou aos adeptos do Benfica e a obcessiva repulsa que o poder polĂtico do Porto tem manifestado para com os adeptos do FC do Porto.
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A dimensĂŁo polĂtica, popular e mediática da consagração do novo campeĂŁo nacional pela Câmara de Lisboa torna ainda mais abstrusa a esquizofrĂ©nica relação que se instalou entre o poder autárquico do Porto e o FC do Porto e cujo ridĂculo culminou com a ausĂŞncia do campeĂŁo europeu da varanda dos Paços do Concelho.
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Essa diferença Ă© tanto mais curiosa quanto Lisboa e Porto tĂŞm presidente de Câmara do PSD. E para os paladinos da seriedade nĂŁo vai ser fácil encontrar maior dose dessa virtude polĂtica em Rui Rio do que em Carmona Rodrigues, que foi quem ontem deu a cara. Como nĂŁo estamos em presença de dois pesos ou duas medidas de Ă©tica, ficam para os arqueĂłlogos da coisa pĂşblica prospectar a possibilidade de existirem dois PSD.
Falta tambĂ©m anotar o ridĂculo de alguns comentadores encartados dos nossos usos e costumes, que, percebendo a parodia e a parolice, nĂŁo deixaram de cantar hossanas a Rui Rio. Nos espaços televisivos, radiofĂłnicos e impressos onde esses guias de opiniĂŁo ganham a vidinha, nĂŁo raro o presidente da Câmara do Porto foi apontado como redentor das virtudes do serviço Ă nação e grande refundador da separação completa entre a polĂtica e o futebol.
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A progressiva degenerescĂŞncia de que deveria ser uma natural cumplicidade em prol da excelĂŞncia do Porto e a consequente designação do FC Porto como "eixo do mal" acabou por dar uma visibilidade mediática a Rui Rio, que ele jamais alcançaria pela obra feita na cidade. Foi este truque que Carmona Rodrigues desnudou ontem em Lisboa, com a solenidade polĂtica q.b. e sobretudo a alegria e o colorido do povo em festa. --> In "O Jogo"
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